Hoje é dia de compartilhar uma postagem
muito interessante da página na internet da Mara Chan. Ela é autora do
livro "Meninas que adestram lobos" e gerente do site marachan.net. Ao descobrir a doença automaticamente mudei minha rotina de vida e isso me fez ver a vida com outros olhos. A
cada dia percebo a grande diversidade de sintomas, atitudes e
sentimentos que envolvem a pessoa com lúpus. Com certeza é um aprendizado ímpar. Fica a dica de mais um site para nos ajudar nessa caminhada.
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Por Mara Chan
"Com o lúpus eu aprendi que o meu tempo é
valioso, hoje eu posso estar bem, mas nunca sei o que me reserva o amanhã,
contudo, eu preciso aproveitar cada instante da vida da melhor maneira
possível, o meu propósito é evoluir e ser feliz"
- É aquilo que mata, o que mais nos faz querer viver.
Quando nos vemos face a face com a morte, o desejo
de viver grita mais alto, automaticamente pedimos um "por favor,
deixa-me viver" para Deus. Começamos a dar-nos conta de que as coisas mais
simples da vida podem trazer uma imensa alegria, pelo simples fato
de respirar. Começamos a pensar em todos os sonhos que poderíamos realizar
com a linda oportunidade de estar aqui, e os mais belos momentos felizes ao
lado dos nossos entes queridos. Descobrimos o quanto é bom acordar pela manhã e
ir trabalhar, ou estudar, mesmo tendo que andar num ônibus lotado ou enfrentar
o trafico com o carro. Poder chegar em casa no fim da tarde, mesmo com todo o
cansaço do dia, e ter uma família para nos receber. Quando o lúpus quase me
matou, eu lutei! Nunca na vida senti tanta vontade de sobreviver, como jamais
havia vivido com tanto amor pela vida.
- A queda nos inspira a levantar mais fortes.
O corpo enfraquecido e dolorido, praticamente
imobilizado em uma cama - hora em casa outrora no hospital- chega a dar tédio.
É quando estamos caídos que começamos a analisar todas as coisas que poderíamos
fazer se estivéssemos de pé. Sentir-se inútil, não é nada agradável para
quem têm sonhos e objetivos a serem cumpridos. Por essas e outras mil ideias
que passam na nossa mente nesses momentos, que com a primeira oportunidade
que temos para levantar, já queremos fazer tudo em dobro para compensar o tempo
perdido. O lúpus me ensinou, que ao levantar realizamos muito mais do que
havíamos sonhado antes da queda.
- A dor é o que mais nos faz amadurecer.
É incrível o quanto a dor nos faz sentirmos
vivos e mais humanos quando reconhecemos a nossa própria fragilidade. Se
pararmos para observar as pessoas mais saudáveis ao nosso redor, veremos que a
maioria parece esquecer-se que são pobres seres humanos, tão dependente do favor
divino para sobreviver, quiçá, até mesmo se esquecem que estão vivos, levando a
vida de uma forma completamente robótica, simplesmente seguindo a
multidão. Mas quando chega a dor tudo muda, dependendo da gravidade inúmeras
hipóteses passam por nossa cabeça, tentando desvendar qual é o sinal por trás
da dor, e assim ela chega tocando no ponto mais fraco de todos – o medo da
morte. Entretanto, tornamo-nos mais compreensíveis e aprendemos a se
colocar na pele das outras pessoas, inclusive, ficamos mais empáticos e podemos
entender as emoções dos pacientes, até mesmo, de outras doenças. Crescemos sim,
e muito! Porque passamos a reconhecer o quanto cada ser humano tem um valor
especial, começando por nós mesmos.
- Aqueles que nos abandonam quando precisamos, deviam mais é ir embora mesmo.
Não vale a pena guardar boas lembranças de quem um
dia nos abandonou no momento em que mais precisávamos de compreensão. Todos
falhamos, e bem sabemos que isto é humano, mas para todo desentendimento existe
alguma solução. Infelizmente quem se afasta e nos deixa com tamanha facilidade,
sem nem ao menos buscar os consertos e os meios possíveis para uma saudável
relação, é alguém que na verdade nunca esteve ao nosso lado. Sendo assim, os
momentos vivenciados juntos, foram falsos e irreais, nunca houve
reciprocidade. Dentro de um mundo com mais de 6 bilhões de pessoas, aquele que
parte e vai embora é como um grão de areia na beira da praia, que o vento sopra
para longe, enquanto o mar traz outras centenas, e novos grãos substituirão o
seu lugar. O que eu quero dizer com isso: é que com uma saúde tão frágil, não
dá para ficar perdendo tempo com os relacionamentos tóxicos que só prejudicam
ainda mais a nossa imunidade e bem-estar. Com o lúpus eu aprendi
que o meu tempo é valioso, hoje eu posso estar bem, mas nunca sei o que me
reserva o amanhã, contudo, eu preciso aproveitar cada instante da vida da
melhor maneira possível, o meu propósito de vida é evoluir e ser feliz. Quem
nos abandona quando mais precisamos é porque nunca gostou de verdade, e então é
melhor que vai embora mesmo, não tem por que permanecer ao nosso lado. Alguém
melhor, com toda certeza, ocupará este lugar.
- Todo obstáculo pode ser uma pedra de tropeço ou o nosso trampolim.
Obstáculos existem para todos, até mesmo para quem
esteja vibrando de alegria não está imune de nenhum deles, a diferença está em
como cada um irá enfrentá-los. Para alguns pode ser a pior pedra de tropeço que
já se deparou na vida, aquela que o faz desistir de tudo e nunca mais voltar a trilhar
pelo mesmo caminho, uma experiência traumática a ser lembrada por toda a vida.
Enquanto para outros o obstáculo no meio do caminho pode ser o tão oportuno e
esperado trampolim, aproveitando de cada empecilho para tirar os ensinamentos
que essas lutas nos presenteiam; podemos nos tornar pessoas melhores, mais
sábias e com mais experiência de vida, fazendo deste obstáculo o trampolim para
um grande salto rumo à vitória. Eu gosto de dizer que às vezes a vida me
obrigada a dar um passo atrás, parece que estou regredindo, mas na verdade é um
impulso para um salto ainda maior. E, inclusive isso, aprendemos com o lúpus.
Fonte: Mara Chan
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